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COP30 pela perspectiva do Fundo Ancestra: engajamento coletivo e a centralidade da sociobiodiversidade


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A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), realizada em Belém, Pará, voltou os holofotes para a Amazônia e para a urgência de integrar clima, natureza e justiça social — um marco para o debate climático global e para o Brasil. Para nós do Fundo Ancestra, fundo filantrópico dedicado à sociobioeconomia e à valorização dos saberes tradicionais, o encontro consolidou temas centrais à nossa missão: empoderamento de comunidades, inovação socioambiental e investimento em soluções ancoradas na biodiversidade.

Este artigo reúne as percepções e análises das lideranças do Fundo Ancestra, que estiveram presente na conferência, sobre os avanços do engajamento coletivo, o fortalecimento da agenda climática e a centralidade da sociobiodiversidade nas discussões.


Avanço coletivo e maturidade institucional


Mais do que os textos finais das negociações, a COP30 evidenciou um amadurecimento institucional no Brasil. Paulo Zanardi Jr., Diretor de Mudanças Climáticas da GSS, que liderou a maior delegação da empresa na conferência, destacou que o movimento observado em Belém sinaliza uma nova postura de responsabilidade: setores privados, historicamente distantes, passaram a atuar como protagonistas — CEOs, conselhos e diretores chegaram preparados e dispostos a assumir compromissos concretos.


“Sustentabilidade, clima, justiça social e biodiversidade não são bandeiras partidárias — são questões de sobrevivência coletiva”, afirma Zanardi. “O que se viu em Belém foi uma mobilização rara: setores privados antes distantes agora protagonizando debates; muitos CEOs, conselheiros e diretores chegando preparados, letrados e dispostos a assumir compromissos reais. Isso é um avanço significativo e concreto para o Brasil.”


Além disso, ele ressaltou a qualidade da participação das vozes tradicionalmente marginalizadas: comunidades locais, povos indígenas e ativistas ocuparam espaços de fala qualificados, levando pautas que influenciaram o tom da conferência. “Essa pluralidade de vozes enriquece — e fortalece — o caminho da justiça climática”, conclui.


Biodiversidade no centro da agenda climática


Para Francine Leal, Diretora de Biodiversidade da GSS, a COP30 provou que a natureza deixou de ser tema periférico para assumir papel estruturante nas discussões sobre clima e desenvolvimento. “Digam o que disserem, o Brasil deu um show”, declarou — e apontou a bioeconomia como um dos grandes legados do encontro: “A bioeconomia entrou oficialmente como pauta estruturante das discussões — um movimento histórico que fortalece a integração entre clima, natureza e desenvolvimento.”

Essa ênfase confirma a lógica que sustenta o Fundo Ancestra: investir em iniciativas que valorizem o conhecimento tradicional e a biodiversidade é, ao mesmo tempo, uma estratégia de conservação e uma alavanca de desenvolvimento local.


Ancestralidade, desenvolvimento social e sociobiodiversidade


A dimensão cultural e social do encontro também foi ressaltada por Ednalva Moura, CEO do Instituto Social Espaço Negro e gestora do Fundo Ancestra. Sua percepção de Belém foi marcada pela recepção afetiva e simbólica da cidade: “Belém me acolheu com ancestralidade, cultura e esperança.”


Ednalva observa que a conferência representou um marco não só para agendas ambientais, mas também sociais e culturais: “A COP30 será um marco não apenas para pauta climática e ambiental, mas também social e cultural, onde as vozes da Amazônia e dos povos diversos que estão na cidade ecoarão mais fortes do que nunca.”


Na leitura da gestora, a transição necessária é holística: “Uma transição sustentável precisa estar conectada ao desenvolvimento econômico e social.” Por isso, o Fundo Ancestra trabalha para transformar evidências em impacto real, articulando carbono, cadeias produtivas regenerativas e a valorização de saberes tradicionais como pontos complementares de soluções consistentes.


Um compromisso de continuidade


Como observou Paulo Zanardi Jr., “o trabalho para a construção de uma economia de baixo carbono não acontece em 10 dias de conferência. Acontece todos os dias.” A COP30 pode ter funcionado como catalisador, reacendendo confiança e foco, mas a construção de políticas, fluxos de financiamento e práticas de mercado exige persistência, monitoramento e colaboração contínua entre setor público, privado e comunidades.


O Fundo Ancestra nasce com a ambição de ser uma ponte entre saberes tradicionais, conservação e geração de renda. Desde seu lançamento, o Fundo já conta com um portfólio inicial e curadoria de projetos substanciais, com cifras e compromissos que mostram o potencial de escala da sociobioeconomia no Brasil. 


Com foco em resiliência climática, valorização do conhecimento tradicional e iniciativas que conectem cadeias socioprodutivas a oportunidades econômicas, o Fundo segue trabalhando para transformar os sinais positivos observados em Belém em resultados mensuráveis para comunidades e territórios.

 
 
 

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